E aí? Vamos discutir violência doméstica PSICOLÓGICA e MORAL!

psicologicaÉ inevitável quando refletimos sobre violência doméstica contra a mulher referenciarmos à violência do tipo física, pelo fato desta ser visível através de um olho roxo ou de um braço quebrado. E de fato a violência física é a mais frequente, tanto que de acordo com o Mapa da Violência de 2015 48,7% de mulheres atendidas pelo SUS no Brasil apresentaram sinais e sintomas físicos. Em segundo lugar, 23% das mulheres atendidas foram vítimas de violência psicológica.Esses números nem chegam perto da realidade, afinal o número de mulheres que procuram ajuda ainda é pequeno.

A maioria delas não se dão conta que estão em situação de violência. Geralmente as agressões são iniciadas de maneira bem sutil, quase imperceptível através da VIOLÊNCIA PSICOLÓGICA: quando o marido finge estar indisposto para sair, desejando afastar a esposa dos familiares dela; quando o namorado faz chantagem para que ela não saia de casa com determinada roupa; quando os dois se casam e ele determina que possuam uma conta no Facebook juntos e escolhe quem serão seus amigos; quando ele reclama do corpo dela e a humilha comparando com o corpo de outras mulheres que ele considera mais bonito; quando ele não deixa a namorada sair com os amigos por ciúmes e controle, entre outros.
Quando a mulher percebe estar sendo vítima de violência psicológica, acredita que poderá ajudar o companheiro a mudar suas atitudes. Com o tempo suas forças são consumidas pela tentativa de reconstruir a união e pela própria violência que em sua maioria evolui para violência moral, física, patrimonial e sexual.

Temos a Lei Maria da Penha, temos Delegacia da Mulher, temos Rede de Enfrentamento, temos informação e ainda temos mulheres sendo agredidas? Porquê?

Muitas mulheres cresceram em situação submissa à figura masculina e acreditam que são culpadas pela violência sofrida…
Muitas mulheres foram educadas em um modelo familiar violento (maus-tratos, abuso na infância e abandono…
Muitas mulheres não possuem apoio familiar para romper o ciclo de violência…
Muitas mulheres não aprenderam a se amar e amam mais o outro que a si mesmas…
Muitas mulheres são dependentes financeiramente e até emocionalmente dos seus parceiros levando à impotência em lidar com a situação de violência…
Muitas mulheres são presas à crenças tradicionais que a impedem de ser donas do próprio destino…

Enfim, precisamos discutir sobre violência psicológica e moral a fim de trazer aos espaços públicos visibilidade ao tema e empoderamento às mulheres que sofrem e não possuem clareza que são vítimas.

Autora: Michelle Moraes Santos – Assistente Social Ministério Público do Estado de Mato Grosso/Comarca Barra do Garças

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