1ª Corrida Maria da Penha reune cerca de 170 participantes

Luta-resistência-superação- esporte

“Comecei a correr com 10 anos, naquela época eu treinava descalça porque não tinha um tênis para calçar. Hoje as coisas mudaram, mas ainda enfrento dificuldades, um exemplo disso, e que estou aqui hoje por conta própria, sem nenhum patrocínio.” Adriana Oliveira Silva, da cidade de Goiânia-GO, 1º lugar feminino na categoria geral.

Aconteceu no último sábado a 1ª Corrida Maria da penha.  A Corrida foi realizada pela Rede de Enfrentamento à Violência Doméstica contra a mulher de Barra do Garças e Pontal do Araguaia em parceria com o curso de Educação Física da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), com apoio do Conselho da Comunidade.

Mesmo com chuva, cerca de 170 pessoas entre amadores e atletas profissionais participaram do evento. A corrida contou com a participação de jovens e adultos. A competição foi dividida em 5 categorias, sendo elas, geral, sub 15, sub 18, adulto e máster e premiação foi feita em dinheiro, conforme as categorias variando de R$ 50,00 a R$ 1.000.

 

A corrida que foi realizada em homenagem ao Dia Internacional da Mulher, tevê como principal objetivo unir o esporte à luta contra a violência doméstica.“ Esse ano nós decidimos fazer uma coisa diferente, que pudesse chamar a atenção da população, e como aqui em Barra do Garças tem um grande número de pessoas que gostam de correr, decidimos fazer a corrida, e eu fiquei muito feliz com o número de inscrições e de pessoas que participaram do evento” .Andréia Guirra, diretora da Rede De Frente,conta.

Um dos aspectos mais marcantes da corrida, foi a interação social entre os competidores. A Defensora Pública e integrante da Rede de Frente Lindalva de Fátima Ramos, explica a importância de unir várias pessoas por uma mesma causa. “Tivemos diversas pessoas participando, entre elas os indígenas da etnia Xavante, e esse era o objetivo, trazer todos para a conscientização do combate a violência doméstica”.

A atleta Geane Brizola, contou um dos principais desafios para ela como mulher no atletismo “Nós mulheres, não podemos treinar durante a noite, mas para alcançar nossos objetivos como atleta temos que treinar, e ai vamos, mas treinamos com medo, olhamos para o lado toda hora, evito correr durante a noite sozinha, o assédio é muito, e dá medo”.

Na categoria sub 18 feminino o 1º lugar ficou com a atleta Fernanda Araújo Silva, que tem 17 anos e treina há dois anos.  Para ela as mulheres no atletismo podem mostrar que conseguem, que são batalhadoras. A atleta enfatiza, que é importante que as mulheres nunca deixem de ser quem elas realmente são por causa de alguém, e que elas vão brilhar como elas são.   Ela conta que no atletismo nunca sofreu preconceito “Todos nós somos uma família, estamos sempre apoiando um ao outro”. Fernanda Araújo Silva, Barra do Garças, 1º lugar na categoria sub 18.

O 1º lugar na categoria geral masculino, ficou com o atleta Fábio Fagundes da Costa. O atleta comemorou o resultado e enfatizou a importância do tema do evento “Eu achei o tema da corrida muito importante, no nosso país temos um problema muito grande que é a violência contra a mulher, então a realização de um evento como esse, serve para mostrar para a população a importância da mulher no nosso mundo. No atletismo mesmo, as mulheres competem de igual para igual com os homens, e eu acho uma injustiça quando eu participo de uma competição que diferencia a premiação do homem com a da mulher, sendo que a mulher tem que correr o mesmo trajeto que o homem, não deviria existir diferença e sim igualdade”. Fábio Fagundes da Costa, Rio Verde-GO, 1º lugar na categoria geral.

Para o professor do curso de Educação Física, Frederico Guirra, o esporte é um dos caminhos para que se possa vencer  problemas sociais, como o da violência doméstica contra à mulher . “Nós sabemos que não é o único caminho, pois deve haver também um trabalho com as famílias, como a Rede já trabalha. Nós acreditamos que a corrida é mais um evento que vai marcar essa grande luta da Rede de Frente ao combate a violência contra a mulher.”. Frederico Guirra, professor do curso de Educação Física da UFMT.

A Rede de Frente, agradece a todos os participantes que mesmo com chuva estiveram presentes na corrida, e ressalta a importância de cada um dos participantes para que a realização do evento fosse possível. O evento foi realizado com carinho por toda a equipe de organização que agradece a cada um dos parceiros que colaboraram para que a corrida pudesse acontecer.

 

Tálita Sabrina

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