Arquivos

Mostra de Teatro Rede de Frente

 

Escolas de Barra do Garças utilizam o teatro para falar sobre violência sexual.

No último dia 05 de dezembro, o anfiteatro de Barra do Garças lotou para a tão esperada apresentação da I Mostra Estudantil de Teatro, com o tema “Meu Corpo, Minha Voz, Meu Direito”, promovida pela Associação Rede de Enfrentamento à Violência Doméstica contra a Mulher – Rede de Frente e pelo Ministério Público do Estado de Mato Grosso.

 

 

Na plateia estavam inúmeras autoridades (juízes de direito, procurador e promotores de justiça, defensores públicos, delegados de polícia, secretários), integrantes da Rede de Frente, rede de serviços e representantes das instituições de ensino da cidade e, claro, os convidados especiais dos integrantes das seis companhias de teatro responsáveis pelo espetáculo.

A noite teve início com a bela apresentação do Coral Cantarte que, com mais de vinte integrantes, interpretou o Hino Nacional e posteriormente cantou a música “Vamos construir”.

 

Em seguida, os intérpretes Marcos André Pereira Delfino e Camila Almeida Melo de Freitas cantaram a canção “Meu Corpo, Minha Voz, Meu Direito”, de autoria de Eduardo Santos Vieira, tema do projeto que teve por objetivo, através do teatro, sensibilizar a comunidade escolar para a necessidade de enfrentamento à violência sexual infantojuvenil.

A APAEARTE, companhia de teatro da APAE, foi a primeira a apresentar, com a peça “O cobertor xadrez”, e emocionou o público.

A Escola Estadual Professora Maria Nazareth Miranda Noleto, com a peça “Um grito no escuro: recortes de uma realidade”, trouxe ao telespectador importante reflexão sobre os malefícios do abuso sexual. Já a Escola Estadual Marechal Eurico Gaspar Dutra arrancou aplausos da plateia com a peça “Por um mundo com mais cor”, com uma abordagem surpreendente e atual sobre a pedofilia, especialmente na era digital.

Outras duas escolas que brilharam foram Escola Estadual Professora Maria Lourdes Hora Morais, com a Companhia Maria, Maria, e Escola Estadual Francisco Dourado, com a Companhia Esperança. A primeira, situada na Vila Maria, trouxe com muita graciosidade aos palcos a estória de uma garotinha abusada sexualmente pelo tio e que encontra o apoio na professora para quebrar o silêncio que a atormentava. A segunda, não menos graciosa, valeu-se de um personagem fantoche, intitulado Senhor Direito, para difundir a mensagem de que o abuso sexual é crime, que a vítima não deve se calar e precisa denunciar.

A última instituição de ensino a se apresentar foi o CEJA Professora Marisa Mariano, com a peça “O grito de Sofia”, um musical belíssimo e irretocável que abordou a violência doméstica contra a mulher, em suas diversas facetas: física, psicológica e sexual.

As companhias de teatro que se apresentaram foram aprovadas por unanimidade pela comissão do projeto e, cada uma delas, premiada com a quantia de R$ 5.000,00 (cinco mil reais), sendo R$ 3.000,00 (três mil reais) para a escola, entregues na forma de uma benfeitoria na instituição de ensino, R$ 1.000,00 (um mil reais) para o Professor responsável e R$ 1.000,00 (um mil reais) para o coletivo de estudantes.

 

O Projeto:

Com o objetivo de enfrentar a violência sexual contra crianças e adolescentes, o projeto ˜Meu Corpo, Minha Voz, Meu Direito” utilizou o teatro como mecanismo de linguagem acessível e atrativo ao público infantojuvenil.

Por intermédio da arte, buscou-se abordar a temática de forma interativa, real e sutil, dando vida e voz a milhões de vítimas de violência sexual, além de trazer para as agendas escolares a discussão e a reflexão sobre o assunto.

Com a proposta de alcançar todas as instituições de ensino de Barra do Garças, o complexo urbano foi dividido em cinco regiões, estando as escolas referenciadas de acordo com as áreas correspondentes.

As cinco instituições selecionadas, além de representarem sua região na I Mostra Estudantil de Teatro, assumiram o compromisso de replicarem as produções artísticas nas demais escolas que integram seu recorte territorial no decurso do 1º semestre de 2018, levando a reflexão a toda a comunidade escolar.

Violência contra a Mulher

O Fórum Brasileiro de Segurança Pública, no 11º Anuário de Segurança Pública, divulgou dados estarrecedores no que diz respeito às mulheres, entre eles, 49.497 casos notificados somente de estupro em 2016.  Fato que pode ser facilmente observado quando ligamos a televisão ou olhamos os sites de notícias, onde percebermos que a quantidade de crimes que vitimizam as mulheres (sejam adultas, adolescentes ou crianças), vem crescendo exponencialmente. Tudo isso nos faz pensar sobre os fatores que levam a prática da violência contra a mulher no Brasil e por que a violência contra a mulher não diminui.

Muitas pessoas poderão dizer que isso ocorre por conta da cultura do machismo, outras colocarão a culpa na própria mulher, algumas ainda dirão que isso é natural e que mulher é considerada o “sexo frágil”.

Talvez a cultura do machismo faça sentido se acreditarmos que, numa sociedade em que homens e mulheres são criados, em sua maioria, por mulheres, que, muitas vezes educam seus filhos de forma que as ideias machistas e sexistas se perpetuem. Às vezes, os pais fazem isso sem perceber, quando compram bola para o menino brincar na rua e boneca para a menina brincar dentro de casa e já aprender que “mulher foi feita para ser mãe”. O machismo, por si só, justificaria a violência doméstica?

Quando a moça sai na rua com uma roupa curta, ou muito maquiada, alguns dizem que ela está “querendo chamar atenção”. Em nenhum momento, essa moça pensou “vou sair assim porque quero ser estuprada”. Sua vestimenta seria motivo para o assédio ou violência sexual?

O fato de a mulher ser considerada sexo frágil deveria dar ao homem a sensação de querer proteger e não de violentar, agredir ou denegrir a imagem dela. O “sexo frágil” é motivo para a violência?

Não! Nada justifica a violência contra a mulher. Nenhum argumento, nenhuma cultura, nada pode autorizar alguém a cometer esse tipo de violência. Tanto é que os autores do fato tentam se justificar dizendo que “ela me provocou” ou “ela pediu isso”, ou ainda dizer que não fizeram nada, porque “ela é louca”.

A situação é muito pior que a mostrada nos dados, pois, muitas mulheres não chegam a denunciar. A revitimização, que ocorre nos órgãos públicos que as atendem, a dependência financeira, a vergonha, o medo… Tudo isso passar a serem impedimentos para não denunciar.

É preciso chamar a atenção para os dados expostos no anuário e buscarmos formas de prevenção e que contribuam com a mudança de comportamento dos agressores. É preciso ativismo de todos para deliberarmos sobre políticas públicas de prevenção e erradicação da violência, investimentos em segurança e políticas. É preciso dar um basta na violência contra a mulher.

 

DENUNCIE!

DISQUE 180!

 197 POLÍCIA CIVIL

190 POLÍCIA MILITAR

#16diasdeativismopelofimdaviolênciacontraamulher

25 de novembro – Dia Internacional da Não Violência contra as Mulheres

 

Andrea Guirra