A Rede de Enfrentamento à Violência Doméstica Contra a Mulher inaugurou, na última sexta-feira (29), a primeira edição do segundo ano consecutivo de atividades do programa “Rede Mulher”, que promove ações de atendimento especializado e conscientização do público feminino em Barra do Garças e Pontal do Araguaia. O local de realização foi o Centro de Referência de Assistência Social (CREAS), que fica ao lado do Estádio Zeca Costa, na região central de Barra do Garças.
O objetivo do evento foi levar serviços públicos para mais perto das moradoras do bairro Santo Antônio, em Barra do Garças, mas mulheres de toda a cidade e de Pontal do Araguaia puderam comparecer normalmente, inclusive as de etnia indígena, que contaram com o atendimento de profissionais treinados especialmente para esse público.
Com a associação de mais de 30 parceiros, entre órgãos e instituições públicas e empresas privadas, o mutirão ofereceu serviços especializados nas áreas de saúde, educação, cidadania, estética, assistência social e jurídica, entre outros.
Para a oferta dos serviços, a Defensoria Pública e profissionais das áreas de Direito, Estética, Enfermagem, Odontologia, entre outros, contaram com salas preparadas especialmente para o evento e com organização por meio da distribuição de senhas.
Atividades
A primeira atividade do dia aconteceu na parte da manhã, quando profissionais envolvidos com as ações de enfrentamento contra mulheres falaram ao público no auditório do CREAS. Os integrantes da mesa foram Andrea Guirra, investigadora da Polícia Civil e presidente da Rede de Frente, Lindalva Ramos, defensora pública e coordenadora das ações do órgão na entidade, Ida Madalena, Secretária de Assistência Social de Barra do Garças, Maria Ely Costa, Secretária de Assistência Social de Pontal do Araguaia, Luciana Abrão, promotora de justiça do MPE, Rony Cesar Mota, coordenador do curso de Direito da Faculdade Cathedral, e a psicóloga e professora Ana Paula Fernandes.
Responsável pela área de Assistência Social em Barra do Garças, Ida Madalena comentou os tipos de violência doméstica e alertou para os danos também para os filhos. “[A dor] não é só física, é emocional também, porque a física acarreta a emocional e isso acarreta a violência com relação às crianças”, destacou. Durante sua fala, a secretária esclareceu que a Prefeitura da cidade já trabalha na elaboração de um grupo de acompanhamento para meninos e meninas que vivem em contextos de violência dentro de casa.
A psicóloga Ana Paula Fernandes, que é professora na faculdade Cathedral e acompanha pessoas relacionadas a casos de violência doméstica, explicou em palestra que a disputa por superioridade no âmbito familiar é prejudicial para todos. Ela destacou a destruição do seio familiar nesses casos. “Você [homem que pratica violência doméstica] acha que é só a mulher que sofre? Você acha que seu filho é feliz?”, questionou. Ela explicou que “a violência acaba com a mulher, e uma mulher sem autoestima não consegue construir, edificar um lar”. “É a família que perde”, disse ela.
Mas a psicóloga lembrou que a violência também deve ser tratada em sua raiz, isto é, no homem. Ela afirmou que é igualmente triste “como eles também perdem”, mas que podem ser tratados e mudar suas posturas. Mesmo que “como homens agressores, [eles] merecem ser felizes também”, concluiu, pedindo a todos que cuidem de sua autoestima e busquem a felicidade.
Após as falas de todos os profissionais, o público recebeu brindes sorteados e foi orientado a dirigir-se para a área central do CREAS, onde foram feitos os atendimentos durante o restante da manhã e no período da tarde.
Avaliação e edições futuras
Andrea Guirra, presidente da Associação Rede de Frente, afirmou que o evento atende em média 600 pessoas, mas que a maior variedade de serviços ofertados neste ano pode aumentar esse número. Guirra agradeceu os parceiros das faculdades Cathedral, Univar e Anhanguera, mas destacou a multiplicidade de aliados da entidade e citou a instituição de promoção do combate ao câncer Barra Mama, que também ofereceu orientações para o público no local.
A presidente explicou que a escolha do local aconteceu devido ao hábito de buscar o CREAS que as mulheres já possuem, mas que não garante o acesso a todos os serviços públicos e orientações necessárias que a Rede de Frente pode oferecer. “A gente quer plantar uma sementinha na mulher”, justificou, ao explicar que o objetivo também é divulgar os serviços pertinentes ao público.
O evento do dia 29 de março teve início às 08h30 e se encerrou às 17h, mas essa não foi a última edição do programa Rede Mulher. Neste ano, mais dois eventos desse tipo estão previstos, um em junho, a ser realizado no Centro de Referência de Assistência Social (CRAS) do bairro Nova Barra, e outro em outubro, no Centro Social Urbano (CSU) de Pontal do Araguaia.
Matheus Pacheco